terça-feira, 4 de outubro de 2011

MINHA HELENA

Meus olhos, minhas janelas!
Lá fora a vida punge urgente,
Agita-se,
Segue em frente!
Fora de mim, o farfalhar do arvoredo ao vento,
Traz em murmúrios da natureza, uma melodia singular!
À luz do sol, dançam as flores no vai e vem que a suave brisa conduz,
Exalando os odores primaveris!
Expelem no ar incontáveis, minúsculos grãos de vida; o pólen.
Pétala multicor e exuberante torna plena a íris dos olhos
 
Meus olhos, minhas janelas!
Atrás deles minha alma sorri. Felicidade!
Tudo é festa no intenso azul do firmamento.
Pássaros enchem de vida as copas verdejantes,
Entre galhos retorcidos a vida não brinca;
É palha no bico!...
É palha nos ninhos!...
É palha nos ovos!...
É a vida na palha!...
Doces  acordes da primavera!
Meus olhos, minhas janelas!
Expulsam-me para fora,
Puxam-me para dentro da vida que vibra num palpitar veemente;
É brisa que passa por entre os fios dos cabelos,
O dourado dos raios de sol, que vazam as folhas das arvores e
O toque quente dos seus afagos à pele.
Amor! Paixão! Sedução!
O carinho das gotas de chuva de um dia assim.
O desejo de um simples querer;
E assim, eu saio de mim.
E de mim, a tristeza alça seu vôo pelas janelas,
Olhos da minha alma.
Meus olhos, minhas janelas!
Diante deles,
Minha primavera!
Meu colibri!
Meu raio de sol!
Minha chuva serôdia!
Minha amiga!
Minha Helena!


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AMOR ANTIGO

Emudecido em um silencio protetor,
Observo as linhas do teu rosto.
Encantam-me os teus olhos.
Neste instante, quase me traem os olhos meus.
Acaso é erro o meu desejo?
Serei eu a vítima do meu engano?

Porque não falar o que sinto?
Não é isso o que preciso?
Apenas desabafar e nada mais?

E se o silêncio for meu melhor amigo?
Então, falar não deve os lábios, meu segredo.


Se me trair esse anseio, levo ao termino meu sofrimento.
Então, abro minha boca e morro!
Minha confissão será a ultima coisa que meus lábios pronunciarão,
Antes de perder-te para sempre!

Covarde! É o que sou?
No medo de me abrir me perco!
E se teus olhos me olharem torto?
Por tonto me terei, se confiar a ti a minha confissão!
Não suportarei o olhar de pena!
Mas se te conto, me terias como antes, teu amigo?
Ah! Se me atrevo, conto-te tudo!

De largo então, poria a minha covardia às margens dessa estrada sem saída.
E perdendo-te ou não, ao menos teria o consolo de ter tentado.
Ou se ao contrário do que imagino encontrar em teu olhar simpatia a minha declaração?

Então após o confessionário diria tudo o mais!
E se teus lábios abrirem um sorriso,
Logo me atreveria mais e tocaria a tua mão.

Meus olhos se fixariam penetrantes nos teus,
E verias através dos meus o tanto que te amo. Que te desejo.
Nada, então, em oculto estaria.
Eu seria teu livro aberto e nas minhas paginas lerias sobre ti.
Nas minhas linhas saberias como te vejo.
Lerias sobre um romance antigo e platônico


Saberias dos momentos mais difíceis quando por vezes tentei contar-te tudo
E de quantas vezes falhei. No entanto, meu amor nunca desistiu.
Nunca sai do lado teu, mesmo que somente como amigo me tivesses.

Protegi tua vida como os Lordes as suas donzelas em perigo.
Guardei os teus segredos como um tesouro precioso a mim confiado,
E algumas vezes como um fardo muito penoso e pesado.
Segurei tua mão com força para levantar-te quando caias e nunca te permiti à derrota.

Fui teu servo, teu amigo e tua rocha.
Em mim colocas-te a tua confiança em todas as horas de todos os dias.
Eu, porém, não pude confiar a ti, o meu único segredo.

Quase morria ao ver-te nos braços de outros,
E muitas vezes desejaram serem surdos os meus ouvidos.
Pois assim, não poderiam ouvir-te falar deles que te podiam ter.
Eu ali tão perto era apenas o amigo!
Sabes o que é morrer por dentro sem ter esperanças?
Amor não correspondido não é doce como o mel, amarga como o fel.
Não é suave como a seda, é duro como a pedra.
Um amor assim dilacera, faz ferida que parece nunca cicatrizar.
Um amor assim fortalece enquanto maltrata.
Um amor assim não correspondido aprende a esperar.
Amor assim é amor antigo sofrendo em silencio,
Aprendendo a amar mesmo que nunca seja correspondido.

Ah! Se me atrevo!
Ou ganho tudo ou tudo perco!
“Ser ou não ser?”
Falar ou não falar? “Eis a questão”


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"A MASCARA"

De todas as mascaras,
De todas as faces,
De todos nós.
Ocultos dos olhos alheios.
Ocultos de nós mesmos.
Pensamentos!
Desejos!
Culpa!
Dor!
De tudo o que não queremos ser,
Do ser que não queremos ver,
Do que somos e não queremos crer,
Do que nos envergonha ter.
E o que somos nós?
Do que nos escondemos?
Por quê?
De quem?
Dos outros?
De nós mesmos?
De todas mascaras,
De todas as faces,
De todos nós.

Percebemos-nos assim seguros?
Invisíveis?
Intocáveis?
Por trás de todas as mascaras,
Ocultas as verdadeiras faces.
Tornamos-nos o que não somos,
Tornamos-nos a mascara...
...A fantasia!
...A mentira!
...A pessoa que gostaríamos de ser!
...O orgulho que queríamos ter!
E a verdade?
Então, quem de fato somos?

O tempo passa!
De todas as mascaras,
De todas as faces,
De todos nós.
A fantasia toma conta do real!
O que era mascara torna-se a face!
O ser que há ocultado na mascara,
No vento do tempo desvanece,
E face que brincava oculta na mascara se perde.
E nos perdemos no nosso engano,
E nos esquecemos de quem somos!
Tornamos-nos a personagem esculpida,
De todas as mascaras,
De todas as faces,
De todos nós.


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“OS NOBRES!”

Os “Nobres”!
Personagens do cotidiano da vida de uma sociedade sofrida.
São os diretores, produtores e artistas da Trupe que encena a vida real;
Que se tornaram “Nobres” pelo Real voto de um povo Real.
Tal como nos tempos idos da realeza medieval;
São os ditadores dos tempos modernos.
Dirigem os destinos das nações.
Atores incansáveis de suas vaidades absolutas e falsas mesuras.
Assim chamados por seus Títulos de “Nobreza”
Conquistados com esforço de campanhas eleitoreiras,
Graças a uma amnésia popular e providencial,
Seguem pela vida com palavras de engano.
Trazem ao peito as “mãos dadivosas e generosas” da sua ingratidão.

Das “Nobres” vozes, a eloqüência de suas ações!
-“Não chegamos onde estamos por nossos deméritos.
Foram nossos esforços apenas.
Nós Vencemos a sorte!
Driblamos a morte!
Conquistamos nosso lugar no Monte Olímpio!
Nós nos fizemos fortes, nos fizemos “... “Nobres”
Colossos de Rodes, Titãs da morte!
E deuses da “Justiça”
Impávidos e altivos,
Olhamos das alturas os pobres mortais!
O gado de corte!
Nós os “Nobres”!
Influentes na política!
Nas altas Cortes de “Justiça”!
Detentores dos Títulos de nossos mandatos e do poder da pena para assinar contratos!
Empunhamos o selo público que valida à vida diária do nosso gado.
Determinamos quanto ganhará pela jornada de trabalho a nossa manada.
Um salário mínimo ou dois, desde que seja mesmo, o “Mínimo”
Fomos eleitos pelo Real voto do “gado de corte” para estarmos em nossos palácios,
Ditando com o poder da pena e do selo público os nossos próprios proventos,
Que jamais poderão ser o mínimo, posto que somos “Nobres”
Receberemos o máximo, afinal para isso concorreremos em campanhas.
“Por isso, sozinhos vencemos a sorte e matamos a morte”!
Nós os “Nobres”!
Que enganaram o pobre “gado de corte”!
Nós os “Nobres”!
Que somos os deuses da Saúde e da Educação;

Nós os “Nobres”!
Que somos Os Eleitos do Legislativo!
Vereadores, Deputados e Senadores.
Nós os “Nobres”!
Que somos Os Conquistadores do Judiciário!
Doutores Advogados, Promotores, Juizes e Desembargadores.
Nós os “Nobres”!
Que somos os Senhores do Executivo!
Prefeitos, Governadores e Presidentes.
Nós os “Nobres”!
Que fomos Nomeados Ministro e altos funcionários dos governantes.
Nós os “Nobres”!
Concursados Agentes da Ordem e da Lei!
Nós os “Nobres”!
Que fomos assim, eleitos “Nobres”,
Pelo voto do gado de corte,
Para minorar a sofreguidão de uma maioria pobre,
Para prover os meios de acesso à saúde e educação,
Para dar condições de moradia descente e tranqüilidade na velhice.
Nós os “Nobres” Eleitos!
Conquistadores do voto de uma promessa!
Nós os “Nobres” da Promessa!
Vivemos para prometer,
Prometemos para viver,
Uma vida longe da promessa.
“Nossa única certeza e a de prover um mínimo de pasto para o nosso gado.”


O “Gado”!
Povo desvalido da sorte dos “Nobres”
Reivindicador do poder das “Leis”

Das “Leis”!

Mas que “Leis”?
As “Leis” que igualam os “Nobres” ao povo?
Que dizem que o povo elegeu os “Nobres” para serem seus representantes?
As “Leis” do voto que elegeram os “Nobres” para legislar em favor dos direitos do povo?
Que consideram o povo “Soberano” e mais Nobre que os “Nobres Representantes” do povo?

Nós os “Nobres”  sabemos:
Que o gado é eleitor!
Por isso o gado eleitor não pode morrer na certeza do engano.
- “O gado eleitor é um gado nobre, de raça forte e trabalhador.”
- “O gado eleitor é a carne que farta o nosso prato.”
- “O gado eleitor é quem ara os nossos campos.”
- “O gado eleitor é quem ergue os Palácios da nossa vida e as Pirâmides da nossa morte.”
- “O gado eleitor só tem um defeito... Querer ser “gente!”
- “O gado eleitor não entendeu ainda que as “Leis” existem para proteger os direitos dos    
     “Nobres” que ele, o gado, elegeu!
- “As Leis são “Nobres”...!”
- “Foram concebidas para punir os pobres escravos da morte!”
- “As “Leis” hão de punir os “ladrões de galinhas” e deixar os “Nobres Ladrões do   
    Povo “... livres”.
- “As Leis são nossas!”
- “Nós as legislamos livres para liberar os “Nobres” e prenderem os pobres”
- “As nossas Leis, não são democráticas”
- “ E todos os que lhes forem contrários, serão subversivos raivosos”
- “As nossas Leis não são misericordiosas”
São dos “NOBRES” para os “NOBRES” e pelos “NOBRES” ditadores da Morte!...



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