segunda-feira, 15 de agosto de 2011

O TEAR

Olhem o tear!...

A vida está na máquina... Espaço para ela... Espaço!...
Metros de fios tecidos, cada um representando um aspecto da vida de cada ser!

Do novelo os fios saem lentamente para o tear.
O fio do desespero, bem como o da esperança.
O fio do ódio e juntamente o do amor.
Tristeza, alegria.
Aventura, razão!

Fios que representam atributos, virtudes, defeitos e emoções.
Em cada volta às engrenagens tecem,
Arrumam os fios de tal forma que do outro lado surge um tecido de padrão próprio.
É a vida!

A combinação das cores,
Da textura de cada fio depende da escolha de quem tece.
A máquina processa o desejo do tecelão.
A vida é como um pano mesclado de emoções,
De cores!

Sejam tristes ou alegres,
Frias ou quentes...
Tudo depende de quem a tece!
Que padrão escolher?
Qual a intensidade do amor ou da ira?
E o perdão?
Onde fica?

Os fios estão na máquina...
Ela não para...
Cuidado!

A vida está no tear...
Espaço para ela...
Espaço!... 

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ÁGUAS CRISTALINAS

Águas nascem dentro de mim!
Brotam do subterrâneo de mim!
Das profundezas da dor,
Águas cristalinas de amor!

Águas que nascem de mim!
Transbordam de mim!
Nascem da luz que brilha na escuridão,
Fluem do solo seco... Meu coração!

Do sinuoso leito do rio que surgiu de mim,
As águas fluídas espalham vida nas margens de mim!
E por dentro e por fora me colorem de esperança!
Águas cobrem de verde a minha herança!

A vida que surge das águas de mim!
Mananciais de emoções de mim!
Jorra em queda livre na imensidão,
Enche de luz meu coração!

Eu vivo feliz pleno de mim!
Das águas que brotam em mim!
Do amor que surgiu da dor!
Da dor que me deu o amor!

 


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POESIA E MUSICA

Belos acordes... Agudos altissonantes!
Dos graves tons... Os sonhos!
Solfejos da alma... Doce melodia!
Luz de toda graça... Uma candeia!
Notas harmoniosas que iluminam!

Formosas são as artes irmãs!
A arte de escrever na harmonia dos tons... Musica!
Na clave de Dó ou de Fá... Na clave de Sol cantar...Poesia!

Sentir com a alma as artes poéticas,
Da divina inspiração revelada aos poetas,
De deuses mitológicos e musas épicas,
Descritas com meras penas:
A bravura dos destemidos de Odin!
A rudeza de Thor, deus do trovão!
A gentil natureza de Balder deus da beleza e sabedoria!
A lenda das Valquírias guerreiras do Valhala!
As tragédias gregas e seus eternos heróis da obra de Homero!
O trono de Zeus no monte Olimpio!
Das páginas da história o assassinato de Augusto, Julio Cezar!
As chamas de Roma sob a lira de Nero!

Cantam o amor em versos,
Na musica da poesia!
Contam também a dor,
Na poesia da musica!
Dizem seja o que for,
Nas letras dos poemas,
Nas notas de belas melodias!

Inspirados em lendas ou na vida real,
È sempre a vida em um lindo poema!
No translado da alma para outro tempo e lugar,
No sonho ou imaginação de quem ama,
A vida que há na melodia das musicas!
Nas letras lavradas no espírito dos poetas!

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TEMOS FOME

Quanta dor! Quanto lamento!
“Temos fome!... Temos fome!...”

Assentada às calçadas descalça e quase nuas
Gemem encolhidas com as mãos às barrigas
Crianças que não sorriem, não brincam!
“Temos fome!... Temos fome!...”

Chuva fina e constante sobre elas desce,
Deixando as poucas roupas rotas  que vestem
Grudadas em frágeis corpos desnutridos,
Voz fraca e tremulante de frio!
“Temos fome!... Temos fome!...”

Olhos grandes, feixe de ossos, cobertos de pele fria e enrugada!
E a mesma voz arrepiada em continuo gemido insiste...
Não cessa o suplício:
“Temos fome!... Temos fome!...”

Nos quintais vizinhos, cães comem filé!
Crianças nas ruas, comem vento e bebem chuva!
Quanta dor! Quanto lamento!
“Temos fome!... Temos fome!...”

Quadro grotesco de infortúnio!
Quem te pintou? Quem teu autor?
Não retratas um só sorriso
Nesta tua tela tão grande e cruel!

Nas mãos das tuas crianças,
Nem carrinho, nem boneca...
...Uma lata de cola!
Solvente das dores dos modelos de tua arte!

Onde estão as faces rosadas?
As dobras das perninhas?
Os pequenos pés que correm,
Divertidos no brincar?

Onde os escondidos,
Que contam até dez antes de procurar?
Onde está a farta mesa do almoço e a do jantar?
E os pais carinhosos ávidos nos afagos?
Onde está o canto de ninar, o angélico sono?

Quadro grotesco de infortúnio!
Quem te pintou?
Quem teu autor que me faz chorar?

Lágrimas de um sentimento incontinente
Deslizam na face, não dá para controlar!
Tanta dor e tanto lamento,
Nesta “Tela” que a vida faz questão de pintar!
“Tenho fome...Tenho fome”...




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FICA EM PAZ

Ao recolher-me, ainda forte o vazio,
Herança da ausência tua!...
Deitado, as memórias não me permitem um repouso.
E como dói essa presença que tais memórias me trazem!...Esse vazio tão cheio de saudades!...
E nos teus lugares preferidos, e em cada canto da casa, sinto-te ainda tão presente!...
Vejo passares de um cômodo ao outro nos teus afazeres diários e rotineiros,
E o cansaço que nos últimos dias, te afligia o corpo enfermo.
Vejo no rosto estampada a tua tristeza e no olhar as tuas alegrias que são os teus amores, os teus rebentos.
O Olhar teu, desvendando os segredos dos olhares nossos, decifrando-nos os sentimentos.
Das mãos tuas, o calor intenso do amor que nos aquece o coração.
Sobre as nossas cabeças, as mesmas mãos nos ungem de bênçãos,
E com orações protege-nos o teu amor, movendo o céu, o dedo de Deus ao nosso favor.
Longe, em nossa infância, vão buscar-te mais lembranças trazendo-te pelas mãos.
Novamente aos nossos ouvidos a doce voz do passado que embala o sono,
Ao mesmo tempo em que corrige os nossos erros com severas advertências.
Sinto no rosto, os peitos que naqueles dias mataram a minha fome,
Teu cheiro me faz descansar seguro.
 
Memórias!...
Levam-me de um lado para o outro e em segundos, tantas lembranças!
De tantos sorrisos, de muitas lágrimas, de esperanças e de força, muita força...
Quanta força em tão frágil ser!...Quanto ser em tão frágil corpo!...
O corpo... Cárcere, sofrido, doido!...Cansado de viver!...
Exausta, minha alma não descansa, e novamente vêem as lembranças.
Tão tristes... doídas...recentes! Novamente me põem diante da pedra fria.
Pedra... Aonde o teu cárcere envolto em mortalha, me fez chorar.
No desatar das amarras, descobria o corpo nú, ao qual novamente cobri com teus melhores vestidos.
Debrucei-me sobre o peito, ainda quente, do corpo pálido e inerte.
O coração em silêncio não fazia mais fluir em tuas veias a minha vida rubra.
Enquanto te olhavam os olhos meus, meu coração perguntava por ti:
Onde estavas minha vida? Para onde foras minha querida?
Onde estava o consolo de tua presença vívida?
Confuso, incrédulo da ausência tua, desesperava-me a saudade.
Saudade!... Salgada, molhada, brotada da lamina dos olhos, dói no peito, rasga a alma!
Quanta saudade se pode sentir, sem sufocar, sem morrer?
Quando enfim, com voz embargada e tremulante pronunciei a palavra adeus, ouvi em meu íntimo tua voz de criança dizendo-me:
 
“Não sofras...Fica feliz! Estou transpondo os portões da cidade dourada! Minha cidade amada...Meu lar! Vejo todos. Os que amo, me aguardam. Entre eles, o mais Amado! Nos braços Dele, do meu Senhor, de toda luta e dor, de toda lágrima, enfim... Descansar! Sei que sofres, pois também já senti essa dor, mas creia em mim...Tudo passa! O tempo é como a água que escorre entre os dedos e logo se vai. Há de chegar o dia em que estarás transpondo os mesmos portões e eu...Eu também estarei lá aguardando para te abraçar e tu estarás feliz assim como estou agora. Então, viva o tempo que tens da melhor maneira. Viva com intensidade cada segundo, cada momento até que chegue o nosso dia de estarmos juntos outra vez. Fica feliz! Fica em paz!”
 
E nesse consolo que não consola, novamente me vi chorando num misto de dor e de raiva...Tanta raiva!
E tanto amor! O amor que vinha do fundo das entranhas e que socava as vísceras até explodir na garganta um canto.
Melodias vibravam as cordas vocais e jorraram como um rio não represado, posto que os olhos secaram como a terra sem chuva.
Meu lamento era sonoro. E sonora foi toda aquela noite!
Enquanto outros velavam seus mortos, as notas sofridas fluíram alto... Muito alto na madrugada!
Meu corpo tremia levitando o meu lamento! Elevei as alturas minha dor em cânticos de amor e de saudades.
E nesse instante viajei pelo tempo. No passado distante e no recente.
E lembrei de tudo o que foi e não seria mais.
Pensei nos cantos vazios da casa. Nos olhares que estariam ausentes.
Nos sons dos sorrisos. Nas brincadeiras. Nos beijos molhados em minha face.
E na voz que sempre ouvia abençoar minhas partidas: “Deus te abençoe e te traga em paz”
Enquanto contemplava teu rosto em profundo sono, ouvi em meu espírito novamente ecoar as palavras:
“Fica em paz!”... “Fica em paz!” “Paz!...”
 
Estas últimas, porem marcantes lembranças, gostaria de esquecer e guardar apenas aquelas que sempre me farão sorrir, mais a vida não é toda feita de momentos felizes apenas, nem de presenças perpetuas, mais com certeza, alegres ou tristes, sempre presentes estarão as lembranças, e nelas mamãe querida, comigo sempre estarás, por onde quer que eu vá. “Te amo”
 
Em memória de minha mãe Maria de Lourdes Lemos Falcão.
   De LuizFalcão. Rio 19/11/1998.


 
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"LIBERDADE"

Qual pássaro que ingênuo pousa para comer o grão,
Que por mais arisco que seja em laço se vê.
E assim, qual pequena ave engaiolada, a “Liberdade” finda,
Na rotina do não e do sim;
E do talvez;
E do quem sabe;
E do não sei.
 
“Soltai-me, peço-vos, para a vida lá fora!”
Implora a “Liberdade” tristonha, agitada nas grades da gaiola!
Seu clamor é a bela melodia que todas as manhãs antes de raiar o dia,
A todos na casa acorda,
Vibrantes, belas e inúteis notas,
Flutuam no ar sem resposta.
Não há quem entenda tratar-se de uma súplica!
 
E assim, chora a “Liberdade” em todas as manhãs de todos os dias,
Exceto um.
O canto súplice termina...
Pobre “Liberdade”!
No chão da gaiola cansou de cantar!
O suplicatório em notas sufocou na garganta!
 
Não salta mais “Liberdade” em seu pequenino cárcere dourado!
Caída no fundo de sua injusta prisão,
Jaz inerte a ave graciosa.
Dos olhos vívidos extinguiu-se a luz.
Jamais verão novamente os galhos da arvore onde nascera.
Nem suas asas em surf planarão nas ondas do vento.
Nem seu canto encherá de notas harmoniosas o firmamento.
 
Morreu!...
Morreu mesmo a “Liberdade”?
Desistiu do seu brado a poderosa ave?
“Liberdade”!... “Liberdade”!... “Liberdade”!...

O grito de “Liberdade” não pode morrer!
Enquanto houver quem sonhe com ela,
Enquanto existirem encarcerados,
“Liberdade” será “Esperança”,
E “Esperança” tornar-se-á “Vontade”
E “Vontade” será novamente “Liberdade”.

“Liberdade” alçará um vôo ainda mais alto e mais livre.
Planará como a águia,
“Liberdade” nunca mais cantará o canto dos aprisionados,
Nunca mais ao chão pousará para comer o grão.
Arrebatará ainda em vôo suas presas,
Elevando-as as alturas, alimentando-se dos sonhos e dos anseios!
Avolumando seu canto em ondas sonoras que se espalham no ar,
O brado eterno que ecoa nas almas humanas!
Seu ninho estará nos altos rochedos.
Contemplando a planície dos campos,
 As copas das matas, o leito dos rios e as ondas dos mares.
Não haverá limites além do horizonte para a fênix ressurgida,
Reerguida das cinzas da morte.
Senhora dos céus, novamente livre a amada
“LIBERDADE!”



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A PORTA

Frondosa e viva representante de sua espécie.
Nobre anciã imponente das serras do meu país.
Ceifada da terra mãe, cessou o correr da sua seiva.

Conjunto de partes da matéria um dia viva,
Talhada pelo formão do artista,
Recebeu outras partes de matéria desigual!

Mesclada de ferro e aço fundidos nas maçanetas e dobradiças!
Parafusos violaram a dureza da dignidade dos seus restos!
Em umbrais foi erguida uma arte sem vida!

Nobre imponência,
Restos em servidão!
Em meu poder o seu segredo.
A chave abre minha saída,
Fecha minha entrada no girar da mão!

Transformaram os artistas,
A arte viva em uma arte morta!
E da frondosa vida,
Restou apenas a minha porta!

E a quem importa se por ela passem as vidas,
De tantas entradas e tantas saídas,
Se não a vida que por ela passe?

E se me abro de par em par a vida da minha porta,
Ou se me fecho atrás do clamor dos seus batentes,
A vida não passa pelos restos fechados desta natureza morta!
A porta da minha casa não é a porta da minha vida,
Embora minha vida seja uma porta também!




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A VIDA

Dormi um sono como poucos não durmo.
Adormeci de uma realidade cansada, exausta e sonhei.
Seria mesmo um sonho?...
Na verdade não sei!...
Se dormindo ou acordado não importa, apenas sei que não estava em mim.
Por onde estive, sei, não era aqui.
Um lugar de pradarias!
Ao longe uma floresta.
Andei por estradas de barro e achei um lago.
Tudo era bonito, lindo mesmo!...
Eu vi um menino brincando.
Eu vi o verde.
O verde corria por baixo dos pés do menino!...
Ouvi o vento.
E uma brisa brincava com os cabelos daquela criança.
Ela sorria!
As faces, rosadas.
A alegria era sua hospede, ou quem sabe? Senhoria!...
Eu vi a vida!...
A vida corria livre nas pradarias.
Eu vi o lago, e vi suas águas abraçarem a vida.
A vida que havia naquela criança, naquele menino de tanta alegria.
E olhei, e procurei.
E a vida? ...E a vida?... E a vida?...
A vida que havia, não era mais!...
A vida que foi, se foi em paz!..
E o lago?...
O lago!..
Ele sorria!...Sorria!...E sorria!...
E olhei, e vi no fundo do lago a vida brincando.
Ela se movia entre as pedras, entre as algas.
Nas mais variadas formas, era a vida, que um dia criança, não era mais.
Havia crescido, se espalhara na superfície do lago!
Sobre a terra firme!
No vôo das aves!
Numa revoada de andorinhas!
No amor entre os casais!
No choro das crianças!
Na serena paz!

Rio, 20/06/1998


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"TEU ESCRAVO PARA SEMPRE"

A cada por do sol volto à casa para comer os frutos do meu pomar!
Caminho pelos meus jardins!
A beleza da minha Flor, não se afasta;
Não murcha com os invernos da vida!

O tempo!...Impotente!
Meu amor não lhe concede passagem;
Não ultrapassa à soleira de nossa casa.
Meu braço o contém de fora...
Meu coração é a trava da mossa porta.

Teu templo...Nosso quarto!
Ergo o véu de nosso leito...Teu santuário!

Os braços meus... Como lençois!
Para todo o sempre!...No silêncio das noites!
Eu!...Teu E s c r a v o!
Tu!...Minha Senhora!




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